sábado, 31 de março de 2012

A Endesa verde fóssil


Um excelente exemplo de uma empresa verde, que não o é, é a Endesa. É uma alternativa comercial à EDP, mas que produz a maior parte da sua energia através da térmica clássica e da energia nuclear. Em Portugal é liderada pelo verde, Nuno Ribeiro da Silva, que recentemente observamos na peixeirada do Prós e Contras.

A consulta do site da Enel Green Power, companhia do grupo Enel (que adquiriu a Endesa) dedicada ao desenvolvimento e gestão da geração de energia a partir de fontes renováveis a um nível internacional, permite-nos constatar que em Portugal nem tudo é verde. Aliás, há muita coisa negra, fóssil como dizem os melancias... Senão vejam a lista das instalações de cogeração em Portugal, com os dados relevantes, retirados das respectivas páginas, referenciadas em cada um dos links:

DistritoProdutorPotênciaProduçãoEntrada funcionamentoCombustívelVapor
Viana do CasteloCamposgen4320197344201997Fuel-oil
BragaAtelgen3620146429192005Natural Gas8170000
BragaEnerlousado5123 Kwe3.278 MWh / year2006Natural Gas120344 Ton / year
BragaFeneralt3220149802692005Natural Gas11395200
BragaMundo Textil6510305338001996Fuel-oil9334935
BragaOliveira Ferreira4000178906352000Natural Gas9334935
BragaRonfegen4000178906352000Natural Gas9334935
BragaSoternix2730124966502000Natural Gas7034665
PortoCarvemagere2188 Kwe9955933 KWh / year2004Natural Gas6391 Ton / year
PortoEnercampo5474 Kwe18439 Mwh/year2000Natural Gas0 Ton / year
PortoEnerviz5520 KW22574340 KWh2007Fuel-oil8230 Ton / year
PortoFábrica do Arco8400 Kwe23323699 Kwh / year2002Fuel-oil8848 Ton / year
PortoRibeira Velha4646 kWe20150010 kWh / year1996Fuel-oil3247284
PortoSerrado5920 kWe26012057 Kwh / año1998Natural Gas9017401
LisboaCTE8208 Kwe2826336 KWh / year2000Natural Gas20003 Ton / year
LisboaPowercer7112 Kwe39525 MWh / year2004Natural Gas159772 Ton / year
SetúbalEnercor417017796808 Kwh1998Fuel-oil
SetúbalHectare4280163348601998Natural Gas
SetúbalLusol6500283707581997Fuel-oil6715000
SetúbalTagol7288418510002002Natural Gas124245000

A interpretação dos dados pode não ser linear, dado que alguns valores aparecem, por exemplo, repetidos. Todavia, consolidando os valores, obtém-se os totais de potência e produção:

CombustívelPotência (MW)Produção Anual (GWh)
Fuel-oil40.07162.48
Natural Gas63.16236.12


Estes valores são particularmente significativos! Segundo este documento da ERSE, o preço médio pago em 2011 no domínio da cogeração não renovável foi de 118.9 €/MWh, enquanto o custo médio da energia foi de 51.84 €/MWh. Tal significa um sobrecusto médio de 67.06 €/MWh. Multiplicando este valor pelo total da produção da cogeração, indicado pela Enel/Endesa, chegamos a um valor de sobrecusto de 26.7 milhões de euros por ano!

E não é só o valor que deve preocupar. Numa empresa dita verde, estar-se a utilizar particularmente fuel-oil, é um grande pecado! Valores baixos, ou mesmo nulos, de produção de vapor dão igualmente que pensar! Tudo isto são algumas das verdades inconvenientes de Nuno Ribeiro da Silva...

sexta-feira, 30 de março de 2012

Candeeiros a petróleo

Enquanto os Pimentinhas vão mamando, a EDP lucra milhões, e os melancias falam de perus bêbados, e alguns não fazem a menor ideia do que propõem, há alguns poucos jornalistas que nos dão uma visão real do que se passa neste País. Num País em que se morre muito mais de frio, o Jornal i fez mais uma reportagem importantíssima. Ao contrário dos outros jornais, quase todos eles orientados à visão alarmista, o Jornal i tem dado provas ultimamente de que nos relata a realidade, em vez da ficção...

Na terça-feira, o jornalista Sérgio Soares entrevistou Carlos Silva, que trabalha na casa Higino & Fragoso, fundada em 1937 no centro de Oeiras. Nesta Economia Verde, o que está aparentemente a dar são os candeeiros a petróleo! A seguir transcrevo apenas parte do artigo, que recomendo leiam na íntegra, para perceber onde nos trouxe esta Economia Verde:

Quando lhe perguntamos se o seu estabelecimento vende muitos candeeiros a petróleo, Carlos Silva explica o inesperado sucesso de vendas de forma lapidar: “Encomendo aos 150 candeeiros de cada vez e desaparece tudo.”

“Algumas pessoas têm vergonha quando vêem comprar candeeiros a petróleo para iluminação e dizem que é para decoração, mas na semana seguinte cá estão de novo a comprar mais um litro de petróleo”, diz, acrescentando que um candeeiro completo custa 40 euros.

Mas vendem-se assim tão bem?, insistimos: “Se se vendem bem? Ó amigo, o que vier desaparece logo!”

Carlos Silva garante que há pessoas em situação ainda pior e que nem candeeiros a petróleo usam em casa. “Tenho uma cliente que já só usa velas para iluminação. Só gasta um pouco de gás para cozinhar. Para comer, nem de noite usa electricidade. No fundo, até é romântico”, graceja, arrependendo-se de imediato da piada.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O Pimentinha

O enfant terrible do ambiente em Portugal, Carlos Pimenta, aliás o Pimentinha, foi dizer das suas ante-ontem na Rádio Renascença. Fui alertado por um leitor atento, que me apontou na direcção desta entrevista concedida a José Pedro Frazão. Este mostrou querer fazer as perguntas certas, mas foi constantemente enrolado pelas manobras habituais do Pimentinha. Ainda assim, mostrou-se mais preparado que a maioria dos entrevistadores das melancias. A entrevista na sua totalidade pode ser ouvida aqui.

Mas o Pimentinha esteve no seu pior! Começou logo a atacar, aos 2:40, com o seguinte:

Olhe, o que se tem feito no País de incendiar as pessoas contra as renováveis eu posso dizer que é quase um crime contra a Economia nacional, o crime contra a nossa continuidade enquanto Nação.

Quem não argumenta, e sabe que está a aldrabar os seus concidadãos, tem que atirar esta areia para os olhos dos Portugueses! Mas ele é um dos que mama da microgeração, como aliás refere aos 23:54, e que nós sabemos ser a forma mais anti-social de geração de energia em Portugal! Sabemos também que é o responsável máximo pela "EDF EN Portugal", o que significa que, muito simplesmente, os enormes subsídios que mamam dos contribuintes/consumidores portugueses vão direitinhos para a empresa francesa. Como José Pedro Frazão diz aos 10:20, saem do lombo do contribuinte! E não geram sequer emprego em Portugal, como já evidenciamos neste post, a não ser os de presidentes de empresas estrangeiras, e provavelmente mais uns quantos assessores. Portanto, é fácil concluir quem é que está a cometer crimes contra a Economia nacional...

O Pimentinha só quer é mamar mais! Aos 25:30 surge mais uma pérola. Já havíamos visto na peixeirada que ninguém quer assumir como se pode baixar o custo da electricidade. Vejam o embuste do Pimentinha:

José Pedro Frazão: Como é que se pode baixar a factura da electricidade?
(...)
José Pedro Frazão: O que é que propunha??? Realisticamente para baixar a factura da electricidade?
(...)
Carlos Pimenta: Mas, repare, você está a fazer um erro! E se eu lhe responder assim? (...)

A entrevista está cheia desta lógica nonsense, mas que o Pimentinha verborreia sistematicamente. Como a do Inverno deste ano, com muito calor, como ele disse aos 37:40. Em que País esteve ele este Inverno? Em Portugal, onde se fartaram de morrer pessoas de frio, não foi de certeza... Enfim, dá para perceber que ele está cada vez mais gago. José Pedro Frazão contribuiu muito para isso, e esteve quase a ponto de calá-lo. Faltou-lhe o quase...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Lógica simples de Xiça

Num post de hoje do Blasfémias, o comentador Xiça referiu umas notas particularmente interessantes. Pela sua relevância e simplicidade, merecem aqui a sua referência, para meditação de todos aqueles que acham que isto de ser pioneiro nas renováveis valeu a pena:

Se agora já se fazem contratos abaixo dos 70€MWh então era só agora que deveríamos estar a começar a instalar e não ter o país já coberto de milhares de torres com rendas garantidas durante 15 anos e que tem muito menos potência que as mais recentes . Aposto que são pequenos operadores que tiveram que se desenrascar com tarifas tão baixas, os grandes papões, duvido muito.
E não me venham com a conversa dos early adopters e dos clusters, os 30 ou 40 mil empregos que dizem que seriam criados no sector são 2 ou 3 mil, e ninguém faz as contas a quantos empregos o preço da electricidade destruiu em Portugal.

terça-feira, 27 de março de 2012

Rendas da electricidade

Um leitor habitual mandou-me uma digitalização de uma tabela que saiu no Público do passado 17 de Março. Dois leitores já me tinham referenciado o artigo, de duas páginas, extenso, e escrito pela alarmista do costume, Lurdes Ferreira. Depois de receber a digitalização, e pesquisando pelas palavras correctas, lá se encontra o artigo num documento de clipping (pag. 53 e seguintes). O que o artigo tem de mais extraordinário é uma pequena tabela, onde se enunciam as rendas de que se falam, e que é visível à esquerda.

O que é verdadeiramente extraordinário na tabela é o facto das energias mais caras aparecerem primeiro, e as mais baratas no final. Então, a do fotovoltaico é escandalosa! Reparem ainda nos valores negativos das três primeiras, na coluna Diferença, a indiciar que são, coitadinhas, as mais prejudicadas?

Se foi esta a análise com que Mexia se insurgiu, há que dar-lhe toda a razão! Se estas são as bases que estão a ser tidas em conta pelo Governo, vem aí merda da grande!

O custo do capital é um tema financeiro muito complexo, a que a ERSE dedica extensos relatórios. Em termos muito simples, é a taxa de juro a que a empresa se consegue financiar. E de uma forma também simples, quanto maior é o risco, tipicamente maior é o custo do capital. Já uma taxa de remuneração significa o lucro que uma empresa consegue gerar em função do investimento, sendo de uma forma simples calculada pela divisão do lucro pelo capital investido.

Voltando a olhar para a tabela chegamos à conclusão óbvia: nem com subsídios escandalosos as energias alternativas são financeiramente interessantes! E as taxas efectivas de remuneração são baixas, porque também são tecnologias ineficientes! Só a mamar à custa dos consumidores/contribuintes é que conseguem sobreviver...

Paulo Pinho demolidor

No Fiel-Inimigo já surgiram os vídeos da intervenção de Paulo Pinho no Olhos nos Olhos. Foi demolidor, conforme já havíamos previsto ante-ontem. Quem não viu ontem, não perca:

segunda-feira, 26 de março de 2012

A analogia dos transportes públicos

Bruno Carmona, no Luz Ligada, escreveu hoje uma analogia, em que compara a produção e distribuição da energia eléctrica na Península Ibérica, com o sector dos transportes. É uma forma de se mostrar, de uma forma simples, como isto anda tudo engatado. Aproveito para pedir aos leitores que deixem alguma contribuição no blog de Bruno (eu vou já lá a correr), para que possa surgir uma versão ainda mais utópica desta analogia:

Imaginemos que o sector electroprodutor é a rede urbana de transportes públicos. De um lado temos taxis eléctricos que são as fontes renováveis intermitentes. Do outro a rede de autocarros que equivale à produção ordinária (termoeléctricas e barragens).

Os utentes são obrigados por lei a utilizar o taxi sempre que um esteja disponível mesmo que estejam numa paragem. Apesar do custo ao quilómetro do taxi ser superior ao do autocarro o preço de transporte não é diferenciado. Existe um bilhete válido para os dois tipos e o seu preço varia apenas com a distância percorrida e não o meio de transporte.

O preço deste bilhete não cobre os custos de transportar pessoas de taxi por isso o Estado paga aos operadores de taxi um valor fixo por esse serviço (subvenções às renováveis - FIT). Estes custos de se obrigar as pessoas a usar taxis quando podiam ir de autocarro são passados para os consumidores ao serem incluídos numa parcela do preço chamada Custo de Interesse Económico Geral (CIEG). Existe ainda outra parcela para manutenção de paragens, praças de taxi equivalente aos custos de rede eléctrica.

Os taxis têm uma capacidade limitada de passageiros transportados (baixa densidade de produção) e os taxistas têm horário livre (intermitência). O fluxo de utentes é conhecido mas o de taxis não. Isso faz como que o parque de taxis tenha de ser sobredimensionado ao mesmo tempo que a sua disponibilidade é aleatória. Para não provocarem engarrafamentos quando existem demasiados a circular existem parques de estacionamento que os acolhem (bombagem em baragens). Para mitigar falta de taxis a utilização da frota de autocarros não é optimizada para a procura. Está constantemente a circular independentemente de haver utentes nas paragens. Os operadores de autocarros recebem compensações sempre que circulam sem lotação esgotada, são os CMEC. Quanto mais taxis circulam e menos utentes necessitam de autocarros o valor de CMEC, FIT e aluguer de estacionamento aumenta.

Apesar do maior custo de se usar taxis eléctricos em vez de de autocarros o Estado considera vantajoso pois isso permite poupar na importação de combustíveis fósseis necessários ao funcionamento dos autocarros. No entanto, como quase toda a frota de taxis que opera em Portugal foi importada na realidade o serviço fornecido pelos taxis (equivalente à eelctricidade produzida pelas fontes renováveis) tem uma componente de importação tão ou mais elevada quanto os autocarros (fontes convencionais).

domingo, 25 de março de 2012

Paulo Pinho no Olhos nos Olhos

O professor universitário Paulo Pinho, da Universidade Nova de Lisboa, vai participar amanhã no "Olhos nos Olhos" da TVI24. Este programa televisivo, que tem apresentação de Judite de Sousa, e participação permanente de Medina Carreira, vai para o ar amanhã, segunda-feira, pelas 21:30.

O programa vai abordar o tema das rendas excessivas na electricidade. Encaro a participação de Paulo Pinho com muita expectativa, até porque as suas posições públicas nesta matéria são de enorme crueldade. E essas posições vem de trás, como já abordei nestes dois artigos anteriores. E ao contrário de muitos comentadores, este ex-adminstrador da REN fez tais comentários em plena ditadura do Trocas-te. Não deixem de ver este programa, porque quem nele vai estar presente escreveu o seguinte, a propósito da visão da Troika sobre o sector da Energia (realces da minha responsabilidade):

Onde o Memorando de Entendimento se revela mais ambicioso é no desafio que levanta relativamente à redução dos sobrecustos resultantes de opções de política energética pagos por todos os consumidores – estejam no mercado livre ou regulado – através das tarifas de acesso às redes. Estes custos representam cerca de 50% da factura energética de um consumidor doméstico. Uma leitura atenta desta secção do Memorando revela uma crítica demolidora às opções de política energética dos últimos anos. Prevê que se repensem as opções sobre os investimentos em energias renováveis “não maduras” – leia-se solar fotovoltaico, energia das ondas, entre outras. E para toda a área das renováveis – incluindo a eólica e a cogeração – prevê a descida das tarifas a pagar em futuros empreendimentos, assim como (e aqui entra uma corajosa iniciativa) a renegociação das que são pagas aos centros electroprodutores já existentes. Haja coragem para o fazer.

O Memorando prevê igualmente a renegociação dos CAE (contratos de aquisição de energia) e CMEC (custos de manutenção de equilíbrio contratual). Na prática, estes contratos colocam uma componente substancial da produção eléctrica ordinária num regime de (elevada) rendibilidade garantida, sem risco. Mesmo que se encontre obsoleta e redundante. A sua existência importa um custo elevado para todos os consumidores. As empresas invocam direitos adquiridos para evitar tal renegociação. Por seu lado, os cidadãos perdem com este acordo um sem número de direitos adquiridos, pelo que não se percebe porque haverá de ser diferente no caso das empresas. Mas quando se procedeu à substituição de CAE’s por CMEC no maior produtor nacional, este obteve uma garantia de cash-flows futuros maior do que a que resultava dos contratos iniciais. Tudo por causa do exercício, a custo irrisório, da opção de extensão da operação das centrais hidroeléctricas que ali foi discretamente introduzida.

Veremos se o Estado português terá sabedoria para aproveitar esta oportunidade que lhe é dada para estimular a competitividade da economia, quebrando os “lucros excessivos” da componente regulatória e economicamente mais arcaica do sector: a produção.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O caduco e extinto Instituto de Meteorologia

Quando os alarmistas portugueses falam, os estúpidos Medias portugueses papagueiam. O Instituto de Meteorologia, para todos os efeitos extinto, por altura da celebração do Dia Mundial da Meteorologia, entendeu mandar cá para fora mais uns sustos. O papaguear foi nauseabundo (1) (2) (3) (4) (5) (6).

O mais papagueado, e que merece maior atenção na análise, é o parágrafo seguinte:

Com efeito, este número que era inferior a 100 na década de setenta do século passado, tornou-se superior a 450 na última década. Igualmente os prejuízos relacionados com estes desastres eram na década de setenta inferiores a 10 mil milhões de dólares/ano, tendo na última década o valor médio anual estimado sido superior a 80 mil milhões.

Não se lhes ocorrerá que as tecnologias de detecção e relato de desastres melhorou significativamente ao longo das últimas décadas? Para quem tiver dúvidas, não deixem de consultar esta excelente lista no WUWT.

Não se lhes ocorre que estes supostos desastres, que eles ficam a saber pelos populares, tenham subido substancialmente porque os populares têm mais máquinas fotográficas e de filmar, ligações à Internet, ou mesmo estações meteorológicas? Não se lhes ocorre que no passado eram sobretudo relatados os eventos em apenas locais de maior dimensão, escapando completamente os das populações isoladas?

E não ocorre a ninguém ir observar os números? Na lista dos maiores desastres naturais do Wikipedia, por mortes, nos cinco primeiros com mais mortes, o mais recente é justamente de 1970, quando o ciclone Bhola matou cerca de meio milhão de pessoas! Será que esse não contou para a década de 70? E nos dez primeiros da lista só aparece um da última década, o tsunami de 2004, que manifestamente nada teve a ver com o Clima! Se se olhar apenas para a lista de ciclones, então na última década apenas aparece um nos primeiros dez, e olhando para as outras sub-listas, as poucas presenças da década anterior são insignificantes face às reais tragédias da História!

O IM depois entusiasma-se com a onda de calor de 2003, durante a qual se estima que o número de mortos tenha ultrapassado os dois mil. Errado! Segundo o estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, cuja análise rigorosa abordamos aqui, o excesso global de óbitos foi de 1953, o que na minha matemática continua a ser inferior a 2000. O IM não refere, pela sua inconveniência, que já em 1981 havia ocorrido uma onda de calor semelhante, que matou na altura cerca de 1900 pessoas (página 33 do mesmo estudo anterior). Porque esconde esses factos? Porque não refere as mais de 4000 mortes em excesso que ocorrerem em função da onda de frio do mês passado?

E continua com as cheias da Madeira, que havíamos contextualizado aqui. Uma referência muito oportuna, até porque a tragédia teve os custos que teve, sobretudo por culpa do próprio Instituto de Meteorologia, que foi incapaz de prever o que quer que fosse, conforme as referências no link anterior. Mesmo em termos históricos são uma nódoa, sendo muito mais interessante o blog de José Lemos, que havíamos também referenciado...

Enfim, um caduco Instituto a querer sobreviver...

Actualização I: Parece que o próprio IM nem sequer olha para os documentos da Organização Meteorológica Mundial. Na página 21 estão os gráficos abaixo, onde é claro que o número de mortes desceu significativamente, embora tenham aumentado os custos, perfeitamente normal em função de vários indicadores económicos (valor dos bens, inflação, etc.). Sintomático é o que a própria OMM diz:

Are disasters increasing?

Climate change has to an extent, created a public perception that the number of natural disasters is rising. The truth is more complex. While scientific studies of meteorological data are starting to show increases in the occurrence of some weather extremes, an important component lies in the exposure of communities.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Climigra

O Instituto de Meteorologia divulgou ontem que vai coordenar o projecto Climigra, que visa estudar o impacto das variações climáticas nos movimentos migratórios em Portugal continental e Regiões Autónomas. Pretende dar uma visão histórica das variações climáticas, utilizando-se "o legado histórico da informação climática em Portugal existente no IM, enquanto única informação climática validada para o território nacional". Para além do IM, participam "algumas Universidades, Centros de Investigação e Institutos Públicos nacionais, no continente e Região Autónoma dos Açores".

Mas, o que eles querem sei eu! O que eles querem é martelar os dados, para que seja reconhecido que as Alterações Climáticas, ou o Aquecimento Global, são piores do que se imaginava! Se eles estivessem verdadeiramente interessados na temática, libertavam esse legado histórico para o público, e comunidade científica, e garanto-vos que também eu participava! Assim, a minha primeira participação neste domínio, vai ser a de desmontar os interesses instalados neste projecto.

Pouca mais informação existe na Internet. O Governo Regional dos Açores antecipou-se uma semana na divulgação deste projecto fraudulento. Ao invés do IM, diz lá que muitos mais coordenam! E diz lá também que a História Climática vai começar, neste País com muitos séculos de existência, apenas em meados do século XIX!

Por isso, vou começar o projecto Climentiras. Ele visa conhecer as verdadeiras alterações climáticas, ao longo de toda a História de Portugal, mesmo anterior à nossa Independência em 1143. Para expor as mentiras que se propagam por aí, e que se vão intensificar com este projecto. Alguns dos posts anteriores podem ser aproveitados, como a investigação sobre David Melgueiro, a referência à Real Fábrica do Gelo, e muitas outras que estão agrupadas na etiqueta História. Conto também para isso com o contributo dos leitores, que possam sugerir pistas, ou mesmo escrever parte desta nossa História desconhecida, e esquecida...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Greve dos príncipes e fidalgos

Amanhã, é garantido que mais uns poucos, vão infernizar a vida de muitos! Os muito poucos são os trabalhadores públicos do sector dos transportes públicos. Os príncipes são de tal forma importantes, que o Metropolitano vai fechar. São estas estratégias que têm enterrado esta empresa pública, que devia em 2010 qualquer coisa como 3800 milhões de euros. Cada um de nós deve cerca de 380 € por causa das mordomias destes fidalgos do Metropolitano de Lisboa.

Mas não é só no Metropolitano que se notará a greve. Em todos os locais onde mais se chucha os contribuintes, é garantido que a greve será mais sentida. Para somar à dívida do Metro, na CP e Refer deve-se mais de 10000 milhões de euros, ou seja 1000 euros para o leitor, e outros 1000 para mim, e para cada um dos Portugueses, crianças e velhinhos incluídos! E como se isto fosse pouco, também não pagam aos fornecedores, aumentando ainda mais a dívida encapotada...

É por isto que todos nós nos temos que insurgir contra estes grevistas que apenas visam manter as regalias de muitos poucos, em detrimento de todos nós. Que pagamos para manter esta boa vida destes trabalhadores, que mal agradecidos, ainda nos brindam com mais um dia de miséria! Por isso, estes serviços têm que ser privatizados o mais rapidamente possível. As suas regalias principescas têm que acabar imediatamente, pois não é aceitável que quem aufere rendimentos baixos, e que são a maioria dos Portugueses, andem a alimentar estes príncipes que ganham milhares de euros por mês!

Porque nunca ouvi falar disto nos jornais, deixo aos leitores um gráfico que ilustra de forma eloquente porque são sempre os mesmos a fazer greve. Reparem no gráfico abaixo (cliquem para ver melhor), retirado deste documento do Banco de Portugal, e confirmem como os salários do sector público eram muito mais elevados que os dos privados, em 2005. Reparem como a função de densidade do sector público se deslocou muito mais para a direita desde 1996, e como a diferença de valores médios (dados pelas linhas verticais) aumentou entre o público e o privado. E vejam como os elevados salários praticados nas empresas públicas, nomeadamente de transportes, ainda acabam por compensar a curva dos salários dos privados! Imaginem, finalmente, onde estas funções se encontram hoje, e perguntem porque são sempre os mesmos a fazer greve?



Actualização: A notícia teve que ser editada relativamente à dívida da CP e Refer. O link que havia providenciado está manifestamente incorrecto, como se pode confirmar por notícias de anos anteriores, onde o valor já era manifestamente superior. Obrigado ao Rui Rodrigues pela correcção.
Actualização II: O sector público mencionado no estudo do Banco de Portugal, referenciado no último parágrafo, é entendido pelos autores como o conjunto da Administração Local, Regional e Central do Estado. As empresas públicas foram enquadradas no sector privado. O último parágrafo foi, por isso, ligeiramente alterado.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Entrevistas do Prof. Molion

No blog Verde: a cor nova do comunismo descobrimos uma página espectacular com uma compilação de entrevistas do Prof. Luís Carlos Molion. Já o havíamos referenciado no passado neste e neste post, mas este reúne mais um conjunto de vídeos. São relativos a vários anos e mostram um verdadeiro e esclarecido cientista:


sábado, 17 de março de 2012

Preço do gás natural

O tema do gás natural tem sido recorrente ao longo dos últimos tempos no blog. Há ainda exemplos em que não o referi, como foi o caso da peixeirada do Prós e Contras, em que se falou do tema no programa, mas que não o abordei. Há mais de um ano, abordava o maná que constitui o surgimento do novo gás natural. E referenciava como não aproveitamos os nossos recursos...

Na China, sabemos existirem reservas para 200 anos! Recentemente, a Polónia bloqueou a loucura das propostas europeias de redução de emissões, porque se sabe que tem reservas enormes, embora aparentemente inferiores às inicialmente estimadas. Em Portugal, já demos conta das potenciais reservas, mas ninguém parece estar interessado em que fiquemos menos pobres. Enfim, enquanto não houver uma inversão no desnorte europeu, podemos ir olhando para o gráfico do preço do gás natural nos Estados Unidos, nos últimos 20 anos, que observei inicialmente no blog de Antón Uriarte:

sexta-feira, 16 de março de 2012

Custo da electricidade em Espanha

Enquanto cá nos queixamos do custo da energia eléctrica, e da politiquice associada, também os nossos vizinhos espanhóis, tão verdes, ou mais verdes, que nós, fartam-se de pagá-la! Lá, como cá, o custa da energia propriamente dita é apenas uma parte da factura. O mesmo podem constatar neste simulador, que está a deixar nuestros hermanos tão abananados como nós. Experimentem e vejam como eles pagam 4 vezes mais na factura eléctrica, de que o verdadeiro custo da energia! E vejam também os restantes elementos, clicando neles, pois aparece mais detalhe sobre cada um dos valores. Eles vão agora começar a perceber que têm de pagar pelos excessos do passado, incluindo a monstruosa dívida que herdaram do Zapatero...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Eólicas dão cabo da nossa água

Numa troca de palavras com Rui Rodrigues, ele apontou-me para uma reportagem da SIC (ver abaixo), que aborda a temática da qualidade da água nas barragens do PNBEPH. Ora, como as novas barragens são necessárias por causa do excesso de eólicas, aqui está mais um efeito nefasto dos excessos da política das ventoinhas, dos melancias deste país. Não bastava serem caras, vulneráveis, poluirem e matarem; agora podemos culpabilizá-las também pela diminuição da qualidade da água, que as futuras barragens tenderão a causar.



É conhecido o impacto que as barragens têm na qualidade da água. Água parada é diferente de água corrente. Mas, é claro que este domínio é complexo. Veja-se o exemplo da Quercus, que considerou que a "água do rio Guadiana, na zona de Serpa, passou de “boa” em 2008 para “excelente” em 2009". Ou seja, mesmo com o Alqueva, a qualidade da água é excelente... Mas nem tudo é assim tão simples. No Relatório Ambiental do PNBEPH, percursor à escolha definitiva das barragens do PNBEPH, já era referenciado de forma clara:

Em termos de quantidade dos recursos hídricos, esta Directiva estabelece o seguinte: “Assegurar o fornecimento em quantidade suficiente de água de boa qualidade, conforme necessário para uma utilização sustentável, equilibrada e equitativa da água”, meta esta que o PNBEPH deverá ajudar a cumprir.
O PNBEPH vai, em termos de qualidade da água, em sentido oposto aos objectivos da DQA, que tem como principal objectivo evitar a continuação da degradação e proteger e melhorar o estado dos ecossistemas aquáticos, e também dos ecossistemas terrestres e zonas húmidas directamente dependentes dos ecossistemas aquáticos.
No entanto, de acordo com a mesma Directiva, esta não é violada desde que os empreendimentos sejam justificados como uma actividade necessária ao desenvolvimento humano e que “sejam tomadas todas as medidas exequíveis para mitigar o impacto negativo sobre o estado da massa de água”.
(...)
A criação de novos planos de água será equivalente à criação de novas reservas de água. Estas novas reservas de água poderão servir também para disponibilizar maiores caudais de água para acções de higiene, primeiros cuidados de saúde e salubridade. A sua mobilização poderá contribuir também para minimizar quaisquer doenças derivadas da menor qualidade da água e sobretudo da falta de fiabilidade de funcionamento dos sistemas de Águas de Abastecimento e de Águas Residuais.
Contribuição para o cumprimento dos objectivos preconizados no domínio do aproveitamento de águas termais, desde que antes da construção das barragens se proceda ao estudo das águas termais existentes e se proceda à análise das suas possíveis utilizações no âmbito do PNAAS.

Curiosamente, o que os melancias e todos associados ao processo parecem querer esconder é que provavelmente o maior problema da água das novas barragens do PNBEPH, será igualmente a consequência da necessidade de bombear a água para as barragens a montante, com utilização da energia eólica. O próprio estudo da ARCADIS, para a Comissão Europeia, e que tanto júbilo incutiu nos melancias, não faz uma única referência ao problema! Em 400 páginas, não arranjaram sequer um parágrafo para falar do problema!!! Curiosamente, o estudo considera mesmo (Tabela 6, página 293) que a existência de bombagem é "mais favorável" em termos de impacto ambiental!

São muito os potenciais problemas de andar a bombear a água, com a energia do vento. Tal será mais frequente no Verão, que no Inverno. Uma miríade de problemas ocorrem-me em segundos, mas sem que se vejam referidos pelos melancias, porque eles sabem que todas estas consequências resultam unicamente da energia eólica:
  • maior aquecimento médio das águas, nas albufeiras, e a jusante;
  • disrupção da estratificação térmica;
  • maior turbulência em termos de sedimentos;
  • mais frequentes e rápidas alterações de níveis de água;
  • maior erosão devido às ondas criadas em ambos os reservatórios;

Destes problemas derivam imediatamente outros. Outros problemas surgem com a localização de determinadas barragens reversíveis, como é o caso de Foz Tua, que vai passar a incorporar água do rio Douro. Toda a poluição que vem pelo Douro abaixo vai passar a ser bombeada para cima, para o rio Tua. Porque é que nenhum ecologista ainda falou nestes problemas? Porquê?

quarta-feira, 14 de março de 2012

Emigrar para a Costa Rica

No mesmo artigo do DN em que se descobre que Francisco Ferreira já não é dirigente da Quercus, descobrem-se mais umas pérolas surpreeendentes. Para Francisco Ferreira, o paraíso na Terra está na Costa Rica! Vejam porquê:

Só há um país, a Costa Rica, que está acima do limiar de desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, tem uma pegada ecológica sustentável. Se vivêssemos todos como a Costa Rica chegaria um mundo.

O que é que tem a Costa Rica, que eu não saiba? Tem crocodilos. 80% da energia que produzem vem das barragens, coisa que eles detestam cá, mas que é aceitável no paraíso? Por isso, muita da energia é renovável, o que explica os cortes de energia e subidas expressivas dos preços. A Costa Rica tem também outras histórias ecológicas interessantíssimas...

Resumindo, o Francisco Ferreira que vá para a Costa Rica, e que nos deixe em paz! E que leve os restantes ecochatos com eles, que até já conhecem o sítio, que não nos fazem cá falta... E levem também os médicos lá do sítio, que cá apreenderam o que é trabalhar de forma sustentável!

terça-feira, 13 de março de 2012

As razões da EDP

Alguns leitores ficaram surpreendidos com o facto do trabalho de Henrique Gomes não me ter impressionado, conforme referenciei neste artigo de manhã. Contra a análise de toda a Comunicação Social, pessoalmente entendo que a sua passagem pela Secretaria de Estado da Energia foi uma nódoa!

Henrique Gomes assentava a sua luta contra a EDP, na teimosia em dois aspectos. Por um lado na garantia de potência. Por outro, nos CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual). Como os leitores habituais do blog sabem, estas duas vertentes não são em si o maior problema, pois no primeiro caso resulta essencialmente do excesso de eólicas que há em Portugal, enquanto os CMEC são o terceiro item mais significativo das tais rendas excessivas.

Acresce que Henrique Gomes andava entretido numa guerrilha pessoal com António Mexia (minuto 09:35), o que era relativamente conhecido no meio. Há uns dias, Mexia não foi parco em palavras, e o problema é que, em parte, ele tem razão! O problemas das rendas excessivas está sim nas eólicas e na cogeração, e aí a EDP não é, de longe, quem mama mais dos contribuintes/consumidores. Nas eólicas, por exemplo, conforme referimos há uns dias, a EDP, através da EDP Renováveis, produziu em 2011, 1391 GWh de energia eólica. Segunda a REN, a produção total das eólicas em Portugal foi de 9005 GWh, o que revela que a EDP mamará "apenas" cerca de 15.45% dos sobre-custos eólicos do País. Sobre a cogeração não tenho dados, mas é quase certo que a percentagem será ainda menor...

Assim sendo, é razoável que Henrique Gomes tenha partido! Não me deixa saudades, mas também não me deixa alegre, até porque como disse de manhã, para lá vai alguém ligado ao Monstro. O que é importante é que nos próximos dias trarei aqui mais dados que evidenciam como a EDP não é o único mau-da-fita deste filme trágico...

Actualização: O texto do segundo parágrafo foi alterado para corrigir o enquadramente dos CMEC.
Actualização II: O discurso de Henrique Gomes, que não foi efectuado no ISEG, foi disponibilizado online. Confirma que Henrique Gomes não estava realmente a ver onde está o Monstro...

Monstro comeu o Henrique Gomes

Como havia referenciado há mais de um mês, estava instalada a batalha entre o Monstro Eléctrico e o país. Como ainda referi ontem, esta é uma batalha dura, e no ring, Henrique Gomes foi sacrificado. Todavia, nunca me impressionou, pois nunca atacou o Monstro como deve ser, e preferiu-se concentrar em pormenores, como a Garantia de Potência, que não são manifestamente a fonte do problema.

Segue-se Artur Trindade, vindo da ERSE. Dados os seus antecedentes, o Monstro colocou no Governo um dos seus. Nós sabemos que na ERSE todas as contas são possíveis, como aquela que faz subir a energia, mesmo quando se poupa com a eficiência energética, e com a crise. Antes da ERSE, Artur Trindade foi responsável pela promoção de projectos de energias renováveis (hoje ADENE). Nada que augure um bom futuro para a política energética portuguesa...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Batalhas climáticas

A sua referência no Watts Up With That tinha-me passado despercebida. Mas o texto é tão bom, que todos os leitores assíduos devem perder uns largos minutos a ler este texto do blog Pointman! É um texto muito exigente, em Inglês, e de difícil terminologia. Mas garanto-vos que é a melhor análise estratégica que vi até hoje ao movimento céptico das teorias do Aquecimento Global e similares.

A análise faz-me recuar aos tempos da leitura de A Arte da Guerra. Ou de histórias como as de David e Golias. Deste texto destaco os seguintes excerptos abaixo. Eles realmente reflectem o esforço da Resistência Climática, no passado, presente, e agora para o futuro.

You have to find new ways of fighting, because the only way of surviving in that ring with them, is never to get into that ring with them. They’re simply too powerful. You’re going up against official government policy, every major politician, well-funded activist organisations, the scientific establishment, the big moneymen and every organ of the media.

The problem the alarmists had, was that there was never anything substantial to hit back at. They had the equivalents of the big guns and the massive air support but there never was a skeptic HQ to be pounded, no big central organisation, no massed ranks of skeptic soldiers or even any third-party backing the resistance. Every one of the skeptics was a lone volunteer guerilla fighter, who needed absolutely no logistical support of any kind to continue the fight indefinitely. The alarmists never understood this, preferring to think that there simply had to be some massive hidden organisation orchestrating the resistance. While they wasted time and effort attacking targets that only existed in their head, each of the guerillas chewed on them mercilessly in their own particular way.

From any rational viewpoint, Fakegate has turned out to be a disastrous event for the alarmists. When you’re patently losing a battle, you withdraw to conserve your forces to fight another day. Amazingly, they would rather battle on into a self-immolating quagmire of expensive litigation than simply admit they were wrong. It shows a childish petulance that plays exactly into the realist’s hands, who are clever enough to let them get on with it, needing nothing more than the odd prod to encourage their defiance. At some point in the not too distant future, the realists know the people who own those media outlets and employ those journalists, are going to get fed up of writing libel damage cheques to cover the self-righteous crusading of a few prima donna hacks.

I used to be able to predict what they’d do but that’s become impossible of late. All reason has fled. There’s a real feeling of April 1945, Berlin, der Fuhrerbunker and its mad occupants, barking unrealistic orders down phones and moving long ago destroyed units around on maps, as if it really meant something. It’s all basically becoming more and more hysterical and irrational.

It’s not quite over yet but we’ve beaten them and will have to be satisfied with that. The bitter pill for me, is that none of them will ever stand in a court of law to answer charges of crimes against humanity for the deaths, starvation and poverty that their policies inflicted on the poor around the world. We must now move to get those policies reversed.

domingo, 11 de março de 2012

Previsões de petróleo

Rui Rodrigues, um dos autores do maquinistas.org, têm mantido comigo uma troca interessante de emails. Na sua boa vontade, chamou-me a atenção para um artigo que escreveu no Público, em vésperas das eleições legislativas de 2011. Obviamente, o seu objectivo na altura era ainda culpar o cavaquismo pela desgraça que sabemos herdada do Sócrates, e seus compinchas.

Rui Rodrigues referencia no artigo um obscuro, mas interessante livro designado "Energia 1995-2015. Estratégia para o Sector Energético", editado em Março de 2006 pela Direcção Geral de Energia, do então Ministério da Indústria e Energia. Dizia-se aí que o preço do petróleo seria de 23, 28 e 28 dólares, para os anos de 2000, 2005 e 2015, respectivamente. Note-se que as previsões não bateram certo com a evolução verificada.

Rui Rodrigues, infantilmente, prosseguiu com a premissa de que todos os erros da política de transportes derivavam dos dados nesse documento, como se alguém lhe tivesse dado a mínima importância. E como defensor da ferrovia, Rui Rodrigues critica então o maior investimento na rodovia.

Porque é esta abordagem infantil? Primeiro, porque quem mais estimulou as auto-estradas em Portugal, e mais concretamente as SCUTs, foram os governos do PS, e especialmente de António Guterres. Como se pode ver na imagem seguinte, com a evolução dos quilómetros de auto-estrada em Portugal, com dados do Eurostat (nota para a ausência de valores entre 2003 e 2005, mas irrelevante neste contexto), atribuir ao governo de Cavaco, aos seus ministros e secretários de estado, o desvario das PPPs, SCUTs e auto-estradas é, pura e simplesmente, ridículo!


Este raciocínio tem-se espalhado devagar, dada a sua infantilidade. Veja-se todavia o recente exemplo de António Cerveira Pinto, que lamentavelmente não faz a menor ideia de quem e como nos desgovernaram nos últimos 15 anos:

O cavaquismo tardio planeou a nossa euforia económica e felicidade cultural apostando num cenário macro-económico assente em futuros barris de petróleo a custarem, em 2015, 28 dólares!
Autoestradas, pontes e aeroportos, barragens inúteis e assassinas, estádios impagáveis e rotundas estúpidas, seriam o mato ideal para engordar as ratazanas e os populistas de serviço. Acontece que o dito ouro negro ultrapassou as 100 notas verdes e tudo indica que não só não voltará a ser barato, como será cada vez mais caro. Portugal, dada a ignara irresponsabilidade de economistas, engenheiros e políticos (e a sempre avidez das ratazanas), precisa de 120 milhões de barris de petróleo por ano para manter o seu imprevidente e inviável estilo de vida. Na previsão irrealista do último governo de Cavaco Silva e dos que lhe seguiram as pisadas, o país deveria estar a gastar em 2015 qualquer coisa como 3.360.000.000 de dólares em importações de petróleo. No entanto, a verdade dos factos em 2012 andará certamente acima dos $12.000.000.000!

Mas, enfim, eles ainda se poderiam gabar de ter descoberto que afinal o problema destes anos todos, não foi de quem nos efectivamente enterrou, mas sim uma previsão num livro obscuro, com tiragem limitada, e que praticamente ninguém terá lido! Para estes tretas, a recomendação de leitura pode ser muito diversa. Podem começar por estas previsões justamente de 1995. Noutro documento podemos igualmente ver como as previsões passadas, mesmo num cenário mais estável, não saíram grande espingarda. Muitos mais haverá na Internet...

Mas onde eles deveriam ir é ao International Energy Outlook de 2001, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, de onde retirei o quadro abaixo, da página 41 do documento (53 do PDF). Em pleno pântano de António Guterres, mais de cinco anos depois do obscuro livro de 1995, estão aqui visíveis as projecções do preço do petróleo até 2020 (clicar para ver melhor):


Note-se como entidades como a Standard & Poor's, a Agência Internacional da Energia, Deutsche Bank, e o próprio Departamento de Energia, dão valores inferiores aos da previsão portuguesa! Pasme-se! Para estas grandes instituições internacionais, o preço mais elevado do barril de petróleo que poderíamos esperar para 2020 seria de 28.42 dólares americanos!

De quem é a culpa afinal?

sábado, 10 de março de 2012

Agricultura biológica

Já tinha reparado na notícia de que Assunção Cristas considera a agricultura e pecuária biológica uma coisa flexível. Podia estar aqui a blasfemar sobre o assunto, mas no Blasfémias deram-lhe um tratamento criativo:

Assunção Cristas vai pedir autorização à Comissão Europeia para que o gado de produção “biológica” possa ser alimentado com rações, por causa da seca. Se alguém quisesse numa frase desconstruir tanto a política agrícola como a agricultura dita biológica não teria conseguido fazer melhor. A agricultura “biológica” existe para que as pessoas possam comer produtos mais saudáveis. Para isso existem regras, decretadas politicamente, que este modo de produção deve seguir. Mas tudo indica que estas regras são irrelevantes para o produto final, caso contrário não se colocaria a hipótese de as violar e continuar a chamar “biológico” ao produto. A agricultura “biológica” é portanto uma indústria criativa em que o que se vende é um conceito ilusório mantido por decreto político.

sexta-feira, 9 de março de 2012

As virtudes do Tesla

Um leitor ligado aos automóveis enviou-me duas notícias interessantes, que me tinham escapado. Ambas se referem ao Tesla, um brinquedo automóvel a que nos referimos já várias vezes.

Uma das referências que fizemos foi ao teste do Tesla pela equipa do Top Gear. Jeremy Clarkson e companhia demonstraram de forma assertiva como este desportivo não dá para dar grandes voltas. Obviamente, o fabricante do Tesla não ficou nada satisfeito, e decidiu processar o Top Gear. Várias vezes, mas tiveram azar outra vez.

Mas pior de que isto, é que provavelmente a Tesla terá agora que processar também mais uns quantos. Descobriu-se que alguns clientes que deixaram o carro desligado um pouco mais de tempo, têm agora um carro que não funciona, e que só voltará a funcionar depois de mudadas todas as baterias, e arrotarem uns 40 000 dólares! Já ocorreram vários casos, sendo visível aqui a troca de correspondência entre uma das vítimas e a Tesla. O Tesla transforma-se de tal modo num tijolo, que nem se consegue empurrar, quanto mais pegar de empurrão! Mas eu não tenho pena nenhuma de quem alinhou na compra de um destes brinquedos: é bem feito!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O preço do MWh eólico da EDP

Os resultados das empresas cotadas em bolsa são um manancial de informação, que muitas vezes não se conseguem obter noutros locais. Hoje, sairam os resultados da EDP. Foram mais uma vez uma barbaridade, com mais de 1000 milhões de lucros. Há muito por onde chafurdar nos dados revelados, mas a minha atenção centrou-se nos resultados eólicos. Temos ouvido por aí que os preços eólicos em Portugal são os mais baixos da Europa. Mentira, como observamos aqui e aqui. Os dados seguintes, retirados das próprias contas da EDP, e ordenados por ordem crescente de valor, revelam os valores médios para os países onde opera a EDPR, bem como a quantidade de energia produzida. Referenciam-se também alguns textos do próprio documento, donde se realçam as explicações para os baixos preços dos EUA, por causa ... do gás!

  • Estados Unidos: €32.88/MWh (45.7USD/MWh; 1EUR=1.39USD) : 9330 GWh
    O preço médio de venda (excluindo receitas com incentivos fiscais) da energia vendida através de CAE/coberturas caiu 6% para USD51/MWh, fruto de novos contratos assinados com preços iniciais inferiores, que beneficiam de taxas de actualização anual superiores, e de menores receitas associadas a compensações por cortes na transmissão. O preço médio de venda em mercado caiu 3% para USD30/MWh, reflexo de uma redução dos preços da eletricidade no mercado à vista (baixos preços de gás, fraca procura de electricidade e inverno ameno). No total, o preço médio de venda nos EUA caiu 4% para USD46/MWh.

  • Espanha: €82.5/MWh : 4584 GWh
    a tarifa média eólica em Espanha, incluindo os resultados com coberturas, subiu 4% para €83/MWh

  • França: €87/MWh
    Em 2011, a tarifa média da EDPR em França atingiu os €87/MWh (+3%).

  • Roménia: €89.15/MWh (378RON/MWh; 1EUR=4.24RON) : 245 GWh
    justifica o preço médio de venda de RON378/MWh obtido em 2011

  • Portugal: €99/MWh : 1391 GWh
    Em Portugal, (...) a tarifa média aumentou 5% para €99/MWh, reflexo da indexação à inflação e de uma tarifa média em 2010 inferior devido à aplicação do factor de ajustamento pelas horas de funcionamento, fruto de uma produção acima da média.

  • Polónia: €108.98/MWh (449PLN/MWh; 1EUR=4.12PLN) : 376 GWh

  • Bélgica: €112/MWh
    Na Bélgica, (...) vende a sua energia através de um CAE de 5 anos (maturidade em 2014) a um preço fixo de €112/MWh.

  • Brasil: €119.31/MWh (278R$/MWh; 1EUR=2.33R$) : 170 GWh
    o preço médio de venda aumentou 9% para R$278/MWh

quarta-feira, 7 de março de 2012

A negociata das eólicas

As Verdades Incovenientes associadas aos interesses obscuros que manietam o movimento verde, têm permanecido obscurecidas e ocultas, longe dos olhares e ouvidos da população em geral. Tudo com a conivência dos Media, mais interessados em receber a publicidade desses grandes interesses, que assim conseguem manter a lealdade à Causa, dos meios de comunicação social. Mas neste navio em marcha, começam a surgir brechas, um pouco por todo o lado. Mesmo na Imprensa, como é o caso deste artigo de opinião, particularmente duro, do Eng. Francisco Gouveia, no Notícias do Douro. Veja-se o enquadramento inicial (todos os realces da minha responsabilidade):

Um dia destes, as nossas serras levantam voo de tanta ventoinha que lá andam a pôr!
São as eólicas, um tipo de energia renovável que tem por detrás poderosos interesses do grande “lobi verde”, um bando de oportunistas que se encostou ao movimento ambientalista, e quer transformar uma solução saudável em mais um modo de assaltar o erário público.
Lobi que de verde não tem nada, a não ser a cor do dinheiro
com que enchem os bolsos à nossa custa!

O artigo prossegue com uma excelente identificação donde está o problema. Note-se a correcta separação da EDP e da "gente das eólicas":

O movimento sério a que me refiro, é o movimento ambientalista, também conhecido por “verde”, que segue valores de proteção patrimonial e de não degradação do meio ambiente, que todos devemos respeitar se queremos um planeta onde se possa viver amanhã. Os tais “sempre alguém”, são os oportunistas do costume, que em tudo encontram maneira de fabricar capital, de preferência à custa do erário público, onde ele “pinga” com mais certeza e segurança. E é esta gente das eólicas que, colando-se ao movimento ambientalista como a lapa ao rochedo, nos quer continuar a atirar areia para os olhos e a viver à custa dos 30 e tal% que arrecadam na fatura que a EDP nos cobra.

Francisco Gouveia aborda outros temas interessantes, como a da obsolescência eólica, que temos abordado pouco (eg. aqui e aqui), mas da qual prometo voltar à carga:

Em abono da verdade, a indústria eólica é de rentabilidade muito duvidosa. Ou seja: se atendermos só ao custo do material e da sua instalação (já não contando com alugueres de terrenos, custos de manutenção, transporte, etc.) e à rentabilidade, descobre-se isto: quando passar o período de amortização do investimento e as eólicas começarem a dar dinheiro ao investidor, este depara-se com o seguinte problema: tem que investir novamente porque parte do material componente das turbinas, pás, engrenagens, etc., já se degradou e tem que ser substituído.
Este é o primeiro grande problema. Motivo pelo qual não há nenhuma empresa que se arrisque a investir dinheiro nesta indústria, sem ter a garantia de que o Estado lhe proporcionará uma “renda” (no nosso caso ela vem na fatura da EDP). São os tais “direitos adquiridos” de que tanto falam os empresários das eólicas. Porque eles sabem que se não receberem este subsídio do Estado, o investimento não é rentável. No fundo, estamos a falar de privados que pretendem ser compensados pelo Estado dos prejuízos, em nome do ambientalismo a que se colaram e para o qual se estão marimbando.

Francisco Gouveia evidencia parte do problema económico. Só tem um pequeno problema: é que o consumidor/contribuinte paga mais que duas vezes:

As eólicas produzem energia dependente do vento, e, como tal, não é contínua estando dependente de haver ou não vento, e da velocidade deste. Há necessidade de a armazenar. É o que as barragens também fazem. Armazenam a energia elétrica das eólicas. Mas como nós subsidiamos as eólicas, estas vendem-na a preço baixo à EDP. E esta, depois, vende-a aos consumidores a um preço altíssimo (ao preço que quiser porque é monopolista). Então, o consumidor paga a eletricidade duas vezes: a primeira através do subsídio que o Estado concede às eólicas e que resulta dos nossos impostos, para depois a irmos pagar novamente, e mais cara, na fatura da EDP!

Francisco Gouveia continua a evidenciar as Verdades Inconvenientes que as "lapas" não querem que se saiba. São precisas mais pessoas como Francisco Gouveia:

Por isso investir nas eólicas é tão rentável, sem riscos, pois a cobertura destes riscos é garantida pelo Estado. Por isso, desde que o atual Governo decidiu recentemente não subsidiar a instalação de mais eólicas, todos os processos para novas licenças, pararam! Vejam o que eu disse a princípio sobre a rentabilidade das eólicas!

terça-feira, 6 de março de 2012

Mais uma avalanche de neve

Faz amanhã um ano que coloquei aqui um interessante vídeo de uma avalanche provocada artificialmente. Hoje vi mais uma referência a estes eventos terríveis, que aconteceu nas montanhas Francois-Longchamps, em França. As imagens são bastante impressionantes e demonstram que neve é uma coisa que não falta para aqueles lados, ao contrário do que advogavam os alarmistas do Aquecimento Global, há uns anos atrás. Felizmente, não houve vítimas:

segunda-feira, 5 de março de 2012

Instituto de Meteorologia em negação

O Instituto de Meteorologia destacou hoje o facto de que foi o Fevereiro mais seco desde 1931 em Portugal Continental. O que o Instituto de Meteorologia não realça é que o mesmo mês de Fevereiro foi o segundo com temperatura mínima do ar mais baixa, desde 1931, como se pode ver na imagem abaixo, retirada do Boletim climatológico mensal. Pessoalmente, não esperava outro comportamento do Instituto de Meteorologia que não o de esconder por debaixo do tapete aqueles dados que contrariam a fé no Aquecimento Global.


O que é todavia mais preocupante é que a temperatura mínima teve uma anomalia de uns impressionantes -5ºC durante o mês de Fevereiro. O IM refere envergonhado que se registou a ocorrência de vários dias com temperatura mínima inferior a 0ºC em muitas localidades e o registo de novos valores mínimos absolutos. Ainda mais grave é finalmente admitir que se registaram situações prolongadas de ondas de frio em várias estações da rede do Instituto, tendo em alguns casos atingido mais de 18 dias consecutivos.

O Instituto de Meteorologia é conhecido por avançar com as notícias de ondas de calor, quando elas ocorrem. São inumeros os exemplos, e só no ano passado podem ver exemplos como os de Abril de 2011, Maio de 2011 e Outubro de 2011. O máximo que o IM fez foi a meio do mês de Fevereiro garantir que não tinham sido atingidos os valores mínimos! Apesar de o ter previsto uns dias antes, nenhum alerta ou comunicado de onda de frio foi emitido! E não foram apenas uns dias, conforme se pode perceber no Boletim climatológico mensal: na estação de Alcácer de Sal, a onda de frio durou uns impressionantes 20 dias, entre 8 e 27 de Fevereiro!

São inacções como esta que contribuíram para que as mortes pelo frio tenham disparado nas últimas semanas. Em vez de andar preocupado com o inexistente Aquecimento Global (que agora só consegue ganhar prémios de fantasia), o Instituto de Meteorologia deveria preocupar-se, em primeiro lugar, com os alertas para a maior causa de mortes em Portugal: o frio!