terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pegada dos assessores

Via Fliscorno, chega-se a uma entrevista de Fernando Nobre para o jornal i. Que a roubalheira na política é global, não tenham dúvidas! Mas, da próxima vez que ouvirem falar de pegada de carbono, sobretudo se dito por um político, temos que lhes atirar isto à cara (realces da minha responsabilidade):

Gosto de falar de casos concretos. Tenho durante meses percorrido o país. Quando fui ao Cartaxo, por exemplo, visitei a rua comercial do Cartaxo, que estava completamente vazia. Um senhor do talho diz-me que só de vez em quando entra naquele talho uma senhora para comprar uma ou duas febras e pede-lhe um osso. E eu pergunto: "Mas o osso é para o cão?" "Não", diz-me ele, "É para fazer a sopa da família, estamos a voltar ao tempo dos meus pais e dos meus avós". E depois diz-me: "Mas todos os dias há cinco carros que vêm de Lisboa buscar cinco assessores para ministérios". Vêm de manhã, levam-nos para Lisboa, e voltam à tarde para os trazer. E eu pergunto-me se os senhores assessores não têm carro próprio para se deslocarem aos seus trabalhos.

O que eu sei é que, pelo país todo, há carros do Estado a irem buscar assessores a casa. Porque se vão cinco para o Cartaxo, também vão para Vila Franca, para Santarém... Tenho um amigo que é de um partido e ele sabe quem são esses assessores. São cinco só no Cartaxo. Está confirmado. Será que o Estado precisa de ter perto de 30 mil viaturas? Será que o Estado precisa de ter perto de 11 mil institutos? Será que o Estado precisa de recorrer tanto a pareceres externos? Eu não me candidato para que tudo fique na mesma.